terça-feira, 30 de julho de 2013

As pequenas grandes coisas

Aqui há uma semana apeteceu-me perorar sobre contrastes.  Lá disse da minha justiça. Porque, para mim, aquilo é mesmo verdade, visto pela minha faceta optimista que nem sempre está em funcionamento, mas quando está é excelente!
Ora como estamos no Cerejas, ou seja, conversa puxa conversa, desta vez o meu pensamento é na mesma linha mas um pouco desviado: como sabe bem a chegada de uma coisa por que se esperou muito tempo!!!! Mesmo quando isso é relativamente insignificante...
(Muitas vezes quando converso com pais que costumam conceder de imediato tudo aquilo que os filhos pedem, chamo a atenção que lhes estão a retirar uma coisa importante: a expectativa, o sonhar com algo antes de o ter...)
Como já aqui disse estou de férias. Numa casinha que tento manter confortável, mas vai tendo as suas avarias. E desta vez, quando me instalei vi que as "avarias" eram já muitas!!! 
Tinha, já há meses, o meu quintal inundado com uma água misteriosa (limpa, vá lá!) que se descobriu emanar de um poço do vizinho. E também, talvez como corolário desse excesso de água, o dito quintal parecia uma selva tropical e tinha metade da casa meio às escuras porque uns arbustos tapavam 3 janelas!!! Tinha ido suportando isto nem percebo bem porquê. Inércia? Acabou, deu-me a genica, falei para o vizinho de um modo imperioso e chamei um jardineiro (?)  Iupi! Re-sul-tou!!! O homem lá arranjou uma máquina para esvaziar o poço, e finalmente tenho o jardim/quintal normal!!! E, além disso, consegui um homem que me podou as árvores deixando entrar a luz em casa, e me limpou o quintal como deve ser. Até tinha um aspirador para limpar o chão! A sério!!! (nunca pensei que a modernice fosse tão longe)
Ou seja, já tive um fim-de-semana toda contente. Jardim sem estar alagado e luz em casa! Ai, ao tempo que o desejava....
E não só!
Andava há que tempos (acho que desde as férias do ano passado) com vários pequenos arranjos a fazer por aqui. Quando era criança, os homens da minha família sabiam concertar o que se avariava. Eu achava isso normal. Mas não hoje. Cada coisa tem o seu especialista e quando avariam coisas diferentes há alguma confusão... e com base nisso fui adiando esses arranjos. Entretanto, duvidosa, lá chamei um homenzinho, electricista mas que faz tudo. A criatura veio ontem, ainda por cima quando eu não estava! E, milagre!, quando voltei como o meu filho tinha encontrado a lista das avarias que eu fiz, eu tinha o chuveiro do poliban arranjado, 3 candeeiros de tecto a dar luz, uma persiana a correr bem, um fecho de uma porta arranjado, o bico do fogão a funcionar! Acreditam?! Faltaram dois arranjos porque para isso não tinha material, mas vai voltar.
Ontem à noite ria-me de minuto a minuto de satisfação. São coisas pequenas? Pois são. Mas que bem que me souberam! Se calhar, se se tivessem resolvido logo, com um estalar de dedos não tinha gostado tanto...
Vou recomeçar as férias com nova energia.
E esta manhã vou comprar flores novas para o meu jardim, que agora merece :)






Cereja


sexta-feira, 26 de julho de 2013

A ganância

A praia para onde costumo ir há dezenas de anos não tem acesso rápido nem estacionamento fácil. Graças aos céus, pensam os frequentadores, porque é o modo de não estar atulhada de veraneantes... Só lá costumam ir os conhecidos, que dominam bem a zona, ou alguns turistas a quem foi passada a palavra por outros turistas.
Como não tem transportes públicos, ou chegamos lá a pé - o que é fácil à ida a descer, mas muito mau à vinda a subir - ou de forma motorizada. E o estacionamento também não é abundante, temos um larguinho mesmo junto à praia e depois a berma da estrada...
Havia contudo um terreno meio selvagem ao lado da estrada onde toda a gente deixava os carros, durante muitos anos. Ainda era grandinho e, bem arrumados, cabiam ali muitas dezenas de carros. Depois desse "parque" cheio lá se estacionava estrada acima.
Há alguns anos, percebi que o terreno tinha dono. Foi nivelado, puseram uma cancela à entrada e outra na saída e venderam bilhetes. OK. Nada mais justo. No lugar do proprietário eu faria o mesmo, aproveitava a utilização do meu bem, ninguém se pode queixar.
O estranho foi decidirem por uma tabela única para ali ter o carro, que era... de 2.30 €. Como??? Se eu quisesse deixar lá o carro só uma hora, fosse almoçar e voltasse a a pô-lo ao fim da tarde, em 10 dias tinha gasto 500 €? Estavam parvos, ou quê?! Nem a Emel numa zona vermelha de Lisboa.
Portanto o resultado é que este parque fica perfeitamente às moscas. Deito-lhe sempre uma olhadela quando chego ou saio da praia, vêem-se lá alguns carros de turistas ou alguns que pegam de estaca o dia inteiro... Mas faz dó, uma zona tão boa ter menos de um décimo da sua ocupação antiga. Ontem contei 8 carros lá estacionados...
Será que o proprietário ainda não enxergou que quem tudo quer quase tudo perde?
Ele lá sabe.


Cereja


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Filosofias - "o que é isso da idade?"

 Brincar com os pensamentos é das actividades mais estimulantes e atractivas. Chamo-lhe filosofia à falta de outro termo... Li esta manhã num blog que tenho aqui ao lado, um texto que me aguçou o apetite. Chamava-se o texto, citando um pensamento de Confúcio: Qual seria a tua idade se não soubesses quantos anos tens?
Comecei a pensar nesta pergunta gira, e de acordo com o nome aqui do estaminé uma coisa levou à outra, porque de facto a ideia é desafiante.
Que idade temos nós?
Pode-se sempre imaginar que não sabemos em que ano nascemos, porque não? As referências para nos situarmos teriam de ser nesse caso ou recordações ou amigos. E isso é falível, não é? Há lembranças que imaginamos ter porque nos contaram e outras que nos 'recusamos' a recordar...Coisa estranha a memória afectiva.
Quando somos crianças queremos com muita força ser mais velhos do que somos. Quero dizer não é "mais velhos" é antes "mais crescidos", a gente é que diz assim... O nosso irmão com mais 2 ou 3 anos parece cheio de poder! Ena  Quem me dera ter já 8 anos!!! pensamos então. Recordo muito bem o orgulho com que fiz 10 anos porque passava a ter dois algarismos na idade...
Mas isso passa. Depois queremos mesmo é ter a idade dos outros, dos nossos amigos, do nosso grupo. Ou seja a 'questão da idade' não se põe de todo nessa altura, é completamente secundário.
E é interessante porque deveria ser sempre assim. Secundário.
Mas todos sabemos que o não é. Essa questão da idade é importantíssima, assim como o é a aparência. E quanto mais tempo passa mais isso se nota.
O meu grupo de amigos posso dividi-los em 2 categorias: os que ligam muito à idade e os que ligam pouco, mas não há grupo dos que não ligam... E por isso é tão curioso o pensamento do Confúcio.
Creio que a pergunta dele é que "idade sentimos". Subjectivo, não é?
Por mim sei que sou uma verdadeira montanha russa. Há dias em que me sinto velhíssima, a transbordar de experiência, tendo passado (e lembrando-me bem) por coisas notáveis, com memórias de tempos que quem me rodeia não viveu. Outros dias há onde me sinto uma palerma adolescente, cheia de esperanças, a querer experimentar tudo, como se tivesse uma vida inteira à minha frente.
E depois, todo este fervilhar de sentimentos, emoções, desejos, esperanças, cansaço, ilusões, é suportado por um invólucro material que é o corpo.
E aí já não sei o que diria o Confúcio, porque soubesse eu ou não em que ano nasci, o parvo do meu corpo tem-uma-ideia-aproximada... É verdade que há uns que resistem melhor e outros que se desgastam depressa, mas ele nem sempre acompanha o espírito.
E isso é que é uma chatice!

(não devia acabar isto assim, pois não?)


Cereja




terça-feira, 23 de julho de 2013

A utilidade dos contrastes


Toda a gente sabe isto e estamos sempre a dizê-lo. Só se nota a luz porque existe a escuridão. Podemos ouvir música por causa do silêncio. Quando falta a água (ou a electricidade, ou o gás, ou qualquer benefício da civilização) é que se lhe dá valor, etc, etc. São verdadeiros lugares comuns, referimos esses aspectos com um sorriso e um encolher de ombros. Mas o certo é que mesmo lugar comum é importante no nosso dia-a-dia. E depois, é claro que há a velha piada do optimista que pensa que não é mau apanhar pancada porque quando acaba é uma sensação excelente.

Ora bem, passemos ao meu fait-divers:

Estou agora de férias (como disse aqui ) Quando cheguei vinha cansadíssima por uma má gestão das últimas semanas, e os primeiros dias de férias foram magníficos – o tal “contraste” do sossego actual com a vertigem dessa última semana. Que bom!!!
Mas no Domingo decidi tomar um medicamento que só se toma uma vez por semana, e que o médico onde fui fazer um check-up considerou conveniente que eu passasse a tomar. Note-se que eu sentia-me bem. Não me tinha queixado de nada, mas se ele achava importante tomar aquela coisa, obedeci.

Oh meus amigos, mas que raio de “efeitos secundários” tem aquela porcaria! No dia seguinte acordei com os intestinos virados do avesso – coisa de que nunca me queixo – mas, muito pior, cheíinha de dores musculares. Eram pernas, eram braços, era pescoço, senti-me uma entrevadinha, caraças!!! Passado o susto de acordar naquele estado fui ler a bula e lá vinha como efeitos secundários estes dois (entre outros!) Durante o dia a coisa foi-se atenuando, e no dia seguinte já só me doía o braço direito…

Mas o que eu repetia, furiosa, como um mantra, era “que-raio-está uma-pessoa-a-sentir-se-bem-e-toma-um-remédio-para-se-sentir-mal!” Dá para acreditar?

Mas tal como o palerma do optimista, dou por mim a pensar que esta experiência teve as suas vantagens: como eu avalio melhor o bom que é sentir-me bem…

É isso!

Contrastes…

Cereja

domingo, 21 de julho de 2013

A pouco e pouco...

A pouco e pouco desaparecem as referências culturais da minha adolescência e juventude.
Primeiro foram os cafés. Quando eu era nova estudava-se muito nos cafés. Mesmo quem tinha boas, muito boas, condições de trabalho em casa, era no café que se estudava em grupo, que se debatiam ideias, era ali que se estudava a sério. Com o custo de uma bica tínhamos uma mesa a tarde inteira! E em cafés importantes. Recordo uma vez na Brasileira, onde me perdi no meio de uns textos muito interessantes e às tantas oiço o empregado perguntar-me baixinho se não queria mais nada. Imergi olhando espantada para ele que me explicou de um modo um pouco acanhado que eu estava ali há 3 horas com uma bica à frente... Fiquei meio atarantada, fiz uma outra pequena despesa e saí ainda a pensar no que estava a ler.
Os cafés foram substituídos por balcões de Bancos. Há muitos anos, porque agora os Bancos também não abrem balcões é tudo virtual ou em caixas atm. Mas tantos cafés de referência que desapareceram, o meu querido Monte Carlo é agora um pronto-a-vestir, não é preciso dizer mais nada!
E as livrarias também vão à vida. Sobretudo no Chiado, com a concorrência da FNAC, desaparecem quase todas - salve-se felizmente a Bertrand que resiste como a mais antiga livraria, até me parece que vem no guiness...
Mas fiquei com o coração pequenino quando li que vai acabar a Sá da Costa
Vai acabar a Sá da Costa???

Ainda antes da Barata, era na Sá da Costa que eu arranjava os livros que-não-se-podiam-comprar. Aqueles que passavam embrulhados por baixo do balcão. Onde havia uma cumplicidade anti-fascista tão forte, tão generosa, tão intensa.

Os tempos mudaram sim, e de que maneira.
E uma parte de nós, os que viveram essa época, morre um bocadinho também quando estas referências desaparecem. 
O que vão fazer da Sá da Costa? Loja de hamburgers? Pronto a vestir? Não sei, nem quero saber, mas sei que fiquei mais pobre.




Cereja

segunda-feira, 8 de julho de 2013

De novo os grafittis


Esta coisa dos grafittis tem estado muito em foco.
Depois de eu ter deixado aí há um mês as minhas dúvidas sobre o assunto volto de novo ao tema. Entretanto apareceu uma espécie de lei, estranhíssima, que decretava que grafitti só com com licença aprovada o que na minha perspectiva é surreal - pedir uma licença à Câmara (e esperar que ela aprove o projecto) para um grafitti??? Mas que risota!
Ora há uns dias encontrei na página de facebook de uma amiga uma imagem linda. Dizem que aquilo é na Cova da Moura, bairro sobejamente conhecido por maus motivos. Há séculos que não passo por lá, mas a recordação não é famosa.
Após uma observação mais detalhada concluo que aquilo é uma habilidade do photoshop. Só pode ser! Os estrumpfs, Luther King, o azul turquesa ... é composição, está claro.
Depois, há quem me garanta que não. É real. E é na Cova da Moura sim...
 OK.
Dou a mão à palmatória. Com esta perspectiva, até eu oferecia as tintas (*baixinho* assim tivesse com que as pagar...




Cereja

domingo, 7 de julho de 2013

Sharia e radicalismo

Vivemos em 2013.
Passaram uns dois mil e tal anos desde o nascimento de Cristo. Uns mil e seiscentos desde o nascimento de Mahomé. E cerca de dois mil e quinhentos do nascimento de Buda.
A força das religiões com o andar dos séculos parece esbater-se um pouco. As religiões orientais se alguma vez quiseram conquistar o mundo hoje parecem-nos bastante pacíficas, o cristianismo ainda tem bastante força mas os países tendem a separa-lo do Estado afastando-se do modelo antigo, mas surpreendentemente (ou talvez não) é a mais recente, a muçulmana, que tomou o freio nos dentes e quer dominar os espíritos pela força.
Todos os dias se sabem coisas lamentáveis. É chocante ver a arrogância com que exigem o mais absoluto respeito pelas suas crenças e usos mesmo quando isso colide com a liberdade e usos dos habitantes dos países onde decidiram viver. Isso seria sempre errado, mas poderia ter alguma justificação se usassem o mesmo critério nas suas terras e aceitassem a prática normal das outras religiões facilitando-as, mas é o contrário que se passa.
A sensação com que se fica é que nos países muçulmanos se continua na idade média. Alguma fúria fundamentalista parece que está a promover as cruzadas ao contrário
A educação (ocidental?) é um pecado. Um pecado?! E os "pecadores" devem morrer. Mata-se professores e estudantes porque pecaram em querer aprender diferente. Mutilam-se mulheres com o horror da excisão, apedrejam-se os adúlteros, chicoteia-se de um modo bárbaro quem teve relações sexuais fóra do casamento mesmo as vítimas de violação, enforcam-se homossexuais! As punições corporais (amputação de membros, chicotadas) quando de uma forma geral por todo o mundo até se caminha para a abolição da pena de morte, são chocantes. Assim como é horrorosamente revoltante também, que a esmagadora maioria destes castigos sejam por questões privadas - infidelidade, homossexualidade... - na visão de quem não for muçulmano.
Agora o que me motivou a escrever, foi confirmar que é também, e se calhar sobretudo, o ensino que é atacado. Assim como a menina  abatida com um tiro na cabeça por defender o direito a estudar 
há uns tempos no Paquistão. Desta vez foi um professor e os seus alunos. O perigo vem do conhecimento. Nem é preciso dizer mais nada.

Cereja


sábado, 6 de julho de 2013

Respeito pelo cliente

Há países onde a tv por cabo é um grande luxo. Nunca estive nos EUA, mas por aquilo que vou vendo em filmes e séries já percebi que nem toda a gente tem tv por cabo. Dá até um certo estatuto, porque decerto a tv "normal" não tem apenas 4 canais!
Mas em Portugal quase que somos obrigados a ter essa mordomia e, na minha amostragem pessoal, em pacotes grandes ou pequeninos uma grande percentagem telespectadores vê a tv por cabo. Tem que ser...
Por outro lado, de certeza absoluta que a programação desses grandes canais é adaptada aos países onde são transmitidos. Muitas vezes somos informados de que a série tal ou tal, vai na temporada 10 enquanto nós estamos a assistir à nº 2! Mas aceita-se.
O que já não aceito e não consigo engolir, é que nesta altura do ano, esses canais andem a gozar connosco. Connosco
que lhes pagamos e, para o nosso nível de vida, pagamos muito. Que UM dos canais do AXN de qualquer cor, ou UM canal da Fox e dos seus vários filhotes nos dê uma programação requentada porque a temporada está numa 'época baixa', quem tiver bom feitio ainda aceita. Digo "quem tiver bom feitio" porque não se paga preço de saldo neste mês, pago o mesmíssimo em Julho e em Dezembro portanto o cuidado do fornecedor devia ser o mesmo na programação. Mas, enfim, ainda aceitaria que no foxcrime, ou no axn white, ( exemplos ao acaso) repetissem alguns programas por o ano estar a acabar. Enfim...
 Mas que todos, mas mesmo todos, os canais da cabo nos impingissem séries já cá passadas há anos, algumas já extintas há que tempos, revela para mim uma completa falta de respeito por quem quem paga estes serviços. Quando ligo o axn e vejo que estão programados 4 episódios de enfiada de Investigação Criminal temporada 5, ou 5 do Castle da 1ª temporada, ou 4 do Mentalista 2ª temporada, sinto que estão a fazer pouco de mim.
Até podem ter sido umas séries giras, até de uma ou outra posso ter gostado na altura e não me importar de voltar a ver algum episódio. Mas não ter escolha?! Paguei uma batelada de dinheiro para ver isto?
Desculpem são enlatados fora do prazo! 
Só revela uma completa falta de respeito pelos clientes.
Não sei como se pede um livro de reclamações, mas sinceramente quero saber como se pode protestar. E não é só aqui no blog, é mesmo a sério!





Cereja

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Implosão






Implosão.
A implosão diz-nos a wikipédia, a enciclopédia de bolso que usamos agora, que é  «uma técnica de demolição que utiliza explosivos para se destruir uma construção de forma rápida e controlada»
Diferente de «explosão», mais conhecida, que arrasta tudo em seu redor, a implosão é uma forma de autodestruição, ou seja diz quem sabe que enquanto "explosão" é detonar para fóra, "implosão" é detonar para dentro.

................

Não encontro nenhuma imagem que diga melhor o que vejo quando olho para o governo em funções.
Implodiu. 


 


Cereja

terça-feira, 2 de julho de 2013

Pai há só um

Eu sei, eu sei, a frase é "mãe há só uma" assim é que é. Mas como a biologia nos confirma, e dá jeito para o que quero escrever, venho relembrar que também "pai há só um". (apesar de me lembrar de uma redacção de um menino que terminava dizendo: "é que pais há muitos, mas mãe há só uma!")
Mas o papel do pai na família tem variado imenso e para muito melhor.
Aqui no blog tenho lembrado muitas situações "do meu tempo". Lembranças ou engraçadas, ou de saudades, ou de estranheza, por vezes de louvor da actualidade em contraste com esse meu tempo, muitas outras pensando o contrário. Mas em poucos casos a  mudança tem sido tão impressionante como a posição de um pai numa família em meados do século passado e na actualidade.
É claro que temos de levar em conta também a posição da criança na orgânica familiar. Hoje é possivelmente o elemento mais importante numa família.  Mesmo quando não há exageros de mimo e protecção, a verdade é que o normal hoje é tudo girar em função das necessidades das crianças, enquanto há cem anos o centro era "o chefe de família". Em qualquer classe social. A crónica  do RAP não seria entendida pelo meu trisavô.
E durante a minha vida tenho assistido, encantada, à participação cada vez maior do pai na vida dos seus rebentos, mesmo muito pequeninos. É essa talvez a mais importante mudança: ao pai de hoje tanto lhe faz se o seu filho tem 2 meses ou 6 anos, quando eu era criança mesmo os pais mais carinhosos só começavam a interagir quando os filhos tinham alguma autonomia, andavam e falavam. Até aos 2 anos ou mais quem cuidava em exclusivo deles era a mãe (ou avó). Havia a consenso social de que um homem não era capaz de tratar de um bebé! Nunca mudar uma fralda, que era tarefa bem mais complicada envolvendo alfinetes, usava-se ainda pouco o biberon pelo que também não podia alimentar, portanto o reino dos muito pequeninos era exclusivamente feminino. Os pais interessados começavam o seu papel activo na segunda ou terceira infância.
Hoje é uma delícia observar alguns pais com os seus bebés. Inversamente do que era, hoje se saem os 3 é o pai que o leva a cadeirinha, ou  no suporte do peito. Os pais dão biberon, dão banho, vestem, põem a dormir, sabem o que fazer em qualquer situação tal como a mãe.
Foi um avanço espectacular.
E, penso muitas vezes que mal sabiam o meu avô, bisavô, e os seus amigos aquilo que perderam!
E o que ganham os pais da actualidade.







Cereja