sexta-feira, 24 de abril de 2015

Lutar contra o desânimo...(?!)

Ando nesta coisa dos blogs há muitos anos.
Muitos!
De tal maneira que de dois deles, como não domino de modo nenhum a informática, não fiz nenhum backup, e como a plataforma que os sustentava acabou, tudo o que lá deixei, foi-se, que nem bola de sabão. Num deles fui apenas um dos 4 elementos fundadores, colaborei uns anos mas saí pelo meu pé. Contudo escrevi lá imenso, e fiquei conhecida (??) pelo nick que usei «Emiele». Ainda hoje, a malta desse tempo usa o nick para falar comigo, coisa muito engraçada!
Depois desse usei outro, já pessoal, onde era eu sozinha a escrever, o Pópulo. Foi muito divertido e durou alguns anos, até que a plataforma - a Weblog - desistiu. Passei então o Pópulo para a blogspot mas a linha continuou igual.
Certo dia deu-me um amok, deixei o Pópulo em standby mas ainda não o fechei, e inventei o «Cerejas»
Todo este relambório para chegar ao 25 de Abril.
Quando há 10 anos (ou mais?) no Afiche - actualmente nem encontro referências - chegou o mês de Abril, fiz a festa, lancei os foguetes e apanhei as canas! E no 2º ano, em duo com a Isabel Faria, foi uma grande festa o mês de Abril. Canções, recordações, imagens, cartazes, foi FESTA com grandes maiúsculas.

Quando passei para o Pópulo, da weblog, sendo dona e senhora do blog, a festa foi ao meu gosto. Todos os dias deixei um cartaz da época e uma canção, e imensas recordações do «24 de Abril» para quem desconhecia o que se tinha passado no tempo do fascismo. Este Pópulo resistiu uns anos, mas com a falência da weblog, passei em 2006 para a blogspot, o mesmo blog, igualzinho, o mesmo cabeçalho e tudo. E, evidentemente com a mesma festa quando chegava a Abril. 
No último ano eu já estava a esmorecer, e durante o mês fui escrevendo 4 posts, a que chamei Utopia, imaginando o que-podia-ter-sido se... Era o Abril que afinal não foi, mas podia ter sido.

Anos antes tinha escrito O Diário da Ana, que descreve o que foi o mês de Abril de 74 contado na 1ª pessoa durante todo o mês, mas não consigo um link para o conjunto... (acho que no google encontro mais)
Uns posts que escrevi e ficaram engraçados, foi a série 






Mas o tempo tem passado.

É impressionante pensar como pensávamos e sentíamos há uns 10 ou 12 anos e como nos sentimos hoje. 
Portanto deixei passar o mês sem referir que era o famoso mês de Abril. E, ainda por cima não guardei e não encontro o que escrevi quando estava ainda tão entusiasmada... Parece de propósito.
...............

Sei bem que não se pode desanimar, mas está ficando tão difícil.
Até amanhã.

Cereja


terça-feira, 21 de abril de 2015

Civismo, como o ensinar...?


É tema recorrente por aqui. O civismo, a capacidade de viver em sociedade, a educação. Possivelmente é preciso mais tempo para algumas regras serem interiorizadas, mas não haverá modo de acelerar a coisa?!

Claro que antigamente ainda era pior. Quando não havia esgotos nas cidades, podia chegar-se a uma janela, avisar 'água vai', um eufemismo completo, e despejar o conteúdo dos penicos pela janela fóra. Era a norma. Uff... Já passou.
Mas não passou o hábito de quando se vai pela rua deitar para o chão aquilo que não queremos. Haja ou não um cesto de lixo próximo.
Resmungo todos os dias com isso. As ruas da zona onde vivo estão permanentemente sujas, por mais que as limpem. Hoje de manhã, saí de casa e reparei que estava uma equipa, creio que da Junta de Freguesia, afanosamente a varrer os passeios. Dava gosto. Até onde conseguia ver a faixa de pedrinhas brancas que era o meu passeio parecia uma passadeira, impecável! Fui ao supermercado, coisa de meia-hora não muito mais. Quando voltei a passar pelo mesmo sítio, até parei, incrédula. Eram papeis amarrotados, embalagens de iogurte líquido, um resto de bolo, um cartão de transporte usado, até uma meia suja, além de dois dejectos de cão bastante volumosos!!!
Aquilo merecia uma foto do tipo «antes e depois». E não, não tinha sido um saco de lixo que se tivesse rompido e espalhado o conteúdo, tinham sido apenas passeantes que iam deixando cair coisas...
O que merece estudo é que depois da primeira ou segunda coisa que vai para o chão, muita gente pensa que já-que-está-sujo não vale a pena esforçar-se para levar o que é de deitar fóra para onde deve ficar: o caixote. As primeiras coisas que caem servem de incentivo/modelo para o desmazelo que se segue. Quando foi da Expo, se é certo que havia equipes de limpeza em permanência, também é verdade que não se atirava a lata de refrigerante vazia, ou um papel de embrulho para o chão. Ficava-se constrangido...


Eu sei que há multas para quem deixa ficar lixo junto dos eco-pontos, por exemplo. Não sei se chegam a aplicar essas multas, mas enfim... O que acharia que talvez resultasse era se em vez de multa em dinheiro, essa gente incívica fosse condenada a 'trabalho comunitário'! Seria obrigado a «pagar à sociedade» - umas horas do seu tempo livre seriam passadas com um saco a tiracolo onde enfiasse as diversas porcarias que não devem ser encontradas num passeio. 

Será que assim aprendiam melhor?!


É certo que muitas crianças actualmente estão já sensibilizadas a separar o papel, o vidro e as embalagens. Têm muito orgulho nisso, e chamam a atenção dos pais. Talvez fosse altura, de uma campanha de sensibilização para não deitar nada para o chão... Muitas vezes se aprende com as crianças.

Cereja

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Historieta que podia ser cómica


Li uma verdadeira 'anedota' que revela um caso típico de como se está nas mãos das Finanças. Ou seja, está-se de «mãos atadas» logo à partida! E é ainda a famigerada dívida do imposto automóvel que tem dado origem às injustiças mais incríveis.
Neste caso uma criança de 4 anos foi intimada a que pagasse o seu imposto automóvel. O crime de não ter pago esse imposto (que já devia estar bastante agravado pelos vistos )  foi cometido quando o criminoso tinha 6 semanas! Começou cedo a sua vida de delitos!


Era uma dívida de 55 € relativa a um automóvel Opel. E ainda por cima, se fossem esmiuçar era provável que existisse mais um delito porque ele nem carta devia ter....!
Acontece que o erro foi das Finanças. O nome era semelhante ao do verdadeiro «culpado», o proprietário do carro. O que nos deixa de boca aberta se isso ainda fosse possível quando se trata de abusos das Finanças, é que em lugar de receberem desculpas pelo engano, os pais tiveram de gastar mais de 20 € para provar que o veículo não pertencia à criança!
Ao contrário da generalidade das leis, no caso fiscal, é o acusado que tem de provar que está inocente, e isso sai-lhe caro! Ou seja, as Finanças ficam sempre a ganhar!!! Ou têm razão, e o culpado paga porque está em falta, ou não têm razão e o inocente paga para provar que é inocente...
E vá lá que não avançaram com penhoras ou ainda levavam as chuchas à criança....



Cereja

terça-feira, 14 de abril de 2015

Passarinhos e o oposto da gaiola

Claro que tem a ver com o feitio que tenho e o meu toque de claustrofobia. Mas como um blog é também uma espécie de diário (dizem que a origem da palavra é mesmo essa)  apetece-me deixar aqui uma reflexão pessoal. 
Sempre gostei muito de passarinhos, talvez por ser uma imagem de liberdade. Nunca seria capaz de ter um como animal doméstico, porque ter um bicho numa jaula vai ao arrepio do que é animal de estimação - é o que nos estima, que está connosco por amor, se tem de estar preso é um brinquedo, é um escravo. Ná! Para mim não. Gaiolas nunca.
Por acaso tenho uma na sala, como um objecto decorativo. Trouxe-a do oriente, é uma coisinha leve, decorada com graça, e com um pormenor que mostra que um passarinho até pode ser um animal de estimação. As gaiolas chinesas terminam na parte superior com um gancho. É para levar o passarinho a passear! O dono sai de casa com o seu jornal e a gaiola. Chega a um parque, senta-se a ler e pendura a gaiola por esse gancho num ramo de árvore. Já não é muito mau... Mas a minha é simplesmente decorativa, tem as portinhas abertas de par em par, e nenhum ser vivo a habita.
Há uns dias, quando estava na minha casinha de aldeia, disse a um amigo «Olha, comprei o oposto de uma gaiola!»

Ele não atinou com o que era essa compra. O espaço aberto não se compra... mas que raio....?
Tinha comprado um ninho.

Há por lá uma quinta que vende plantas, onde vou passear por vezes só para saborear a vista e o cheiro e de vez em quando lá compro um vasinho. Desta vez reparei que num canto tinham 'ninhos'. Iguais ao feitos pelas aves. De palhinhas, troncos, mesmo iguais. A senhora de lá que costuma dar-me conversa, riu-se dizendo que num deles tiveram uma 'ocupação selvagem', tinham visto que tinha ficado habitado sem eles repararem.

Bom, trouxe um ninho! Está escondido debaixo do alpendre, há espera de vir a ser habitado.
Então não é o oposto de uma gaiola?!



Cereja

sábado, 11 de abril de 2015

O preço do trabalho



Tem havido ondas de repercussão, como seria inevitável, com a surpreendente declaração do Primeiro Ministro de que os nossos salários ainda estão altos para as empresas serem competitivas.
Ficou tudo de boca aberta.
Falar com esta ligeireza do valor do trabalho, aperta-nos o coração. Quando o desemprego é o flagelo que é, quando muitos postos de trabalho se desfazem porque sai mais barato substituir várias pessoas por uma máquina, quando se oferecem salários ridículos mesmo a licenciados, porque se-não-quiserem-há-mais-quem-queira, quando há firmas que se mantêm porque exploram o trabalho grátis de eternos estagiários, a pessoa responsável por esta situação considera que o mal é... estar a pagar-se demais... (!!!)

Eu tenho um pouco a mania das palavras. Sinto que é muito importante o modo como se diz aquilo que se quer transmitir. Não é por acaso que o velho patrão se metamorfoseou em empregador, e se começa a usar tanto a palavra 'empreeendedor' que soa bem. E que tantos jovens escolhem cursos de «gestão» em vez de irem para áreas onde aprendam a «fazer coisas». Alguém, preferencialmente uma máquina, faz-coisas, e depois há um cérebro que gere isso que foi feito. Mas quem fez? E mesmo que fosse uma máquina, quem a pôs a trabalhar? 
Quando digo que as palavras não são inocentes, tenho no ouvido uma expressão que se usa constantemente: fulano deu trabalho a muita gente, ele deu-me trabalho, não encontro quem me dê trabalho. É assim que se fala, não é? O trabalho é uma coisa que se dá e se recebe, assim como uma prenda, para não dizer uma esmola.
Mas é certo que o patrão DÁ trabalho? 
Não senhor. Se alguém infelizmente dá trabalho é o trabalhador quando vergonhosamente não é pago e vive com salários em atraso. O patrão compra trabalho, compra pelo preço mais baixo que encontra, e até por vezes fica a dever! Para existir um produto, existe a matéria e o trabalho e tudo devia ser pago por um preço justo. Se a matéria for de má qualidade comprada a um preço demasiado baixo, ou o trabalho também for comprado a um preço demasiado baixo, o resultado é mau. É difícil haver milagres.

Os portugueses a trabalharem noutros países trabalham bem.
A terceira premissa do silogismo, é que os nossos gestores/patrões é que são maus. A eles é que se devia baixar os salários!!! 




Cereja