segunda-feira, 26 de junho de 2017

Uma cansativa luta quase diária

Havia uma ideia-feita, nos estereótipos mulher-homem, que afirmava que as mulheres gostam de fazer compras. Ponto final. Desde miúda que ouvia isso. Tinha dois aspectos a) como as mulheres gostavam, homem que é homem não se devia preocupar com isso b) metendo no mesmo saco tudo o que fosse compra ridicularizava um tanto a mulher mas de uma forma leve. Claro que ao sair de casa dos pais, dava conta que o papel higiénico não se materializava na casa de banho, e o pão depois de comido não voltava à caixa do pão. Alguém velava para que isso acontecesse....
E, sabemos que a maioria das coisas que precisamos sempre de comprar são necessidades, muitas vezes urgentes mesmo que rotineiras. E em Portugal, onde a média dos salários é ainda tão baixa, menos de metade da União Europeia, temos de olhar cuidadosamente para os preços e estar sempre a fazer comparações. Porque, para quem o não faz, o 'fim do mês' chega bem mais cedo do que o fim do ordenado.
Mas como o grande comércio tem uma ganância desmedida, a publicidade e os truques atacam em força. É uma guerra aberta, entre o consumidor e o grande vendedor. Muito cansativa... Truques aos montes: 1- os carrinhos dos supers são muito grandes porque vendo poucas coisas lá no fundo parece que se comprou pouco 2 - os produtos mais baratos estão nas prateleiras mais em baixo onde escapam ao olhar normal 3 - não é nada fácil comparar preços e quantidades ( é obrigatório mostrar o preço do produto ao quilo mas mal se vê o dístico onde isso está) 4 - muitas vezes vende-se quantidades enormes numa embalagem porque «sai mais barato» mas eles escoam os stocs e o produto vai apodrecer é em casa do comprador 5 - alguns produtos parecem baratos, mas as embalagens não são de meio quilo como parece, são 400 gr (uma libra ) que é um peso que não se usa cá,  etc, etc. Vivemos numa caça ao embuste mas legal (!!!)  que há cuidadinho com a lei...

E os letreiros? Quando há muitos, muitos anos vi pela primeira vez o 99 fiquei a pensar e sorri. «Olha que ideia! Menos um tostão?!»  Parecia-me ridículo. E era. Mas afinal estava psicologicamente certo. Hoje quase todos os anúncios usam o vírgula noventa e nove. Já não se usa escrever um preço sem apêndice. Mesmo quando um cêntimo não altera em nada o gasto que se faz. É o costume 😖
E há outro truque 'engraçado'. Há pouco fui quase vítima dele. Imagine-se muitos objectos num expositor e por cima um letreiro que se via bastante ao longe: TUDO A (em letras muito grandes) e por baixo letra ainda maior, 5 € . Hmmm... valia a pena. Como até precisava, escolhi um de que gostei. Já perto da caixa fui confirmar e li 20 €. Como?? Voltei a aproximar-me do cartaz, e lá estava, entre a linha do Tudo a e a linha dos 5€ estava, em letra bem pequenina, escrito partir de . Não era mentira que estava lá «Tudo a partir de 5€». Se calhar em 10 havia 2 de 5 €.
Este tipo de jogo é fatigante. Não se está entre pessoas de bem.
Hoje já não oiço tanto essa conversa das mulheres «gostarem» de fazer compras, talvez porque já vemos muito mais homens a empurrar carrinhos. E compreendem a canseira que dá detetar tanta armadilha. Uma guerra quase diária.


Não deviam ser 9 em cada 10 a usar o sabonete Lux, mas que inocência de anúncio!

Cereja

Sem comentários: